domingo, 31 de maio de 2009

À Deriva

Você só tem as de sempre
e essas já enjoou de usar.

Quer as coisas apressadas
não sabe esperar.

Novas alegrias atrasadas,
desconfia que nem vão chegar.

Você tem bons sorrisos guardados
só esperando pra estrear
Bons abraços apertados
que acha muita audácia dar.

Quantos pilares seguram o seu..."sou feliz"?
Me diz,quem é seu chão,seu céu e seu sol?
Quantos olhares fazem o seu..."vou desistir"?

Não me deixe aqui,sempre a catar o resto derretido de seus planos,
eles querem destroços,querem danos!
vão dizer que você perdeu anos,com bobagens,com enganos!

Não misture crença com descaso,não reze no raso,
queira sem piscar,se jogue sem pensar,
é fácil afundar quem esta à deriva.
Nunca lhes conte o quanto sofre,
guarde seus sonhos,em um cofre.

Você não se sustenta,
sem horizonte pra chegar,
assim que um se parte ,
escolha outro pra buscar,
não tenha um único alicerce,
pode murchar o seu sonho preferido
pode secar seu desejo,o mais querido.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Talvez


Hoje eu olhei pela janela e não vi nada de diferente. As mesmas coisas me rodeavam daquela forma cansativa e opressiva. Fechei os olhos enquanto a brisa balançava meus cabelos de leve, imaginando coisas que estavam além do aqui e do agora.

E eu quis que as coisas fossem diferentes. Cheguei a desejar ter experimentado tudo aquilo que deixei para trás só para ver quem seria a guria na frente da janela.

Talvez não houvesse mais nenhuma guria na frente da janela. O aqui não seria mais o meu presente - e talvez nem mesmo o agora seria o bastante para viver o que estaria vivendo.

As metáforas se tornariam constantes e as ideologias abandonadas talvez se tornassem minhas verdades. O ser, por princípios mais do que justos, seria mais do que o ter. E o saber se tornaria um mantra recitado em cada segundo e refletido por cada poro do corpo.

Abri os olhos, então, e fitei mais uma vez o meu redor; o que escolhi ao fazer ou deixar de fazer as coisas. O que me tornei por opção.

Passei reta pelo espelho e não encarei o reflexo que me devolveria um olhar perdido em possibilidades.

As hipóteses, essas megeras, só me deixam mais amargurada.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Persona non grata.


A cada dia que passa vou acordando mais,inabitável,
inóspito,apesar de inofensivo,
inventando regras para conviver,
saturando tolerâncias,me acostumando as suas crenças.
Já me desafoguei de gritar ofensas,
por enquanto só estou a me calar,aceitando as diferenças,
em constante cancelamento,serei mudo se não mudar.

Terei de matar e me falsificar aos falsos,
mesmo ao seu lado,eu estou distante,
estou viajando,fale o que quiser,
estarei num bom lugar.

Balance entre arrogância e humildade,
passeie por deuses e mendigos,
"amigas" e "amigos",amores e "amores",
veja quem te traz,e quem te leva valores.

Pense em conquistas e consequências,
esqueça superfícies e aparências,
você quase enlouquece e não sabe porque não da certo,
sempre acaba por se enforcar em suas futilidades,
envelheça,só o tempo te trará felicidades.

Não se perca por carências,
nem sempre é errado criar distancias,
seja pela lembrança do fracasso,
ou por prevenção de se ser fraco.

Errou pelo que amou,
ou erra pelo que ainda ama,
se não errou em todo o tempo,
certo,é certo que não se está.

Espaireça.

O mal que te fazem,
é o mal que tu deixas que te façam.
O mal que te acontece,
é o mal que você se faz.
todo bem,é bem-vindo
qualquer mal,você não merece.

Esse mal que não te abandona,
que te alegra e que te consome,
é o mal no qual você se hospeda,
se entregando a enganadores por costume,
um mal macio onde você mora,
algo já tido como essencial que você aceita e assume.

Triste é quando apesar da dor,foi o melhor que te aconteceu até então.
Não é fácil se livrar de um nome que trazia tanta paz e bem-estar,
a maior batalha de uma pessoa é contra seu próprio coração,
depois que esta em você fica difícil expulsar,
mas é como trocar a estação,por mais inverno que faça chegara o verão.

Se tudo for acabando mal resolvido,
em brigas de meias verdades,
no que se teme o erro da decisão,
ou ao que se tem pena ou falta de explicação,
viveremos em rota de fuga,
evitaremos a mais imprecisa visão.

Parece que você investiu em uma doença,
nutriu um intruso em seus pensamentos,
tudo isso só porque não deu certo,
agora,depois de tudo,você chama de negligencia,
mas amar é isso.

Você tem que se estimar.
Sonhe com mundos de consideração!
Selecione quem participa da sua vida!
Você é responsável por quem permite estar ao seu redor.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Pietà


Aquela boba e indiscutível conversa de que o tempo cura todas as dores, de que é através do tempo que a gente esquece e as feridas param de doer tanto.

Mas não adianta nenhuma dessas palavras: o que a gente sente é grande demais pra caber num finito segundo, num dia, e quem sabe, no pra sempre. É demais, e é justamente por isso que continuamos acreditando naquela besteira de que a cura tem total relação com o passar dos anos.

Só que nossos corações não caem nessa; eles sabem muito bem que a qualquer hora e em qualquer lugar a ferida pode voltar a sangrer como se nunca, em nenhum momento sequer, tivesse cicatrizado. E isso é porque não cicatrizou.

O tempo não cura nada.

O que nos ajuda a superar é o amor. Por outra pessoa, por alguma outra coisa, por um novo hábito, por nós mesmos. É o amor que nos faz soprar a ferida quando ela volta a doer, que nos mantém de pés e inteiros por mais que a nossa vontade seja a de nos fazermos em mil pedaços.

É irônico, mas só o amor pode curar uma ferida causada por ele próprio.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Dormente

Uma dormência no seu desespero
silencio pro seu transtorno,
muito sono pra sua angustia.

Um ultimato no seu grande amor.
Alivio na sua liberdade.
um finalmente,um finito!
pra sua saudade,pra sua esperança,
que a esperança vire saudade,
e que a saudade não torture mais dando esperança. .

Uma nova definição pra felicidade.
Um desvio pra sua procura!
Uma direção pra sua tontura!!
Uma razão...pra sua loucura.

Um amparo pro seu coração,
um sonho que te puxe pela mão,
descanso do seu desconforto,
trava pro seu choro,
um buraco,uma caixa,uma tranca e uma ilha pro seu fracasso.

Uma piora no seu aperto.
Diminuição no espaço do seu peito.
Redecoração do seu perfeito,
e um sentido pro seu batendo.

Aplausos pro seu sacrifício,
recompensa pra sua desistência,
saudações pela sua igualdade,
e castigo pela sua diferença.

Querendo um tropeço no seu percurso,
correção pro seu discurso,
demissão do seu papel,
uma quebra do seu automático,
um sequestro do seu decente.

Cansaço sem cura e sem rosto,
você não sabe mais o nome do que sente,
e toda vez que fica doente,
lembra,que dor não mente.