quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Persona non grata.(Misantropia e Misericórdia)

Me torno um verme,
me torno qualquer coisa que rasteja,
não,me torno todas,mudo,melhoro,e retorno a mesma.
Aquilo que apodrece,aquilo que não esquece.
Me torno eles,sou eu quem não merece.


Do fundo de meu covil,do canto onde afundei,
entristeci assistindo a felicidade,odiei toda a alegria,
maldita seja a paz na vingança,essa luz maligna,
maldito descanso,maldito conforto que nasce na revanche.


Direto de nossa alcova,há um lado,
que não despreza tudo que é vil.


Essa ulcera na alma,um deposito de estragos.
Esse desdém pela ajuda,pela lendária cura que chega amanhã.
Essa negação pela eficácia do tempo,

porem,a certeza de não se ser leviano,
porem,essa incerteza,essa enorme margem de erro,

de talvez,ser o culpado.

Já ouve dias em que suei aranhas,
tantas,tanto,por tanto tempo...
suei até saírem borboletas.


Você o baniu,e espera que pra sempre.
Você venceu o mal...mas ninguém viu.


Desidratei minhas maldades,
mas ainda caço os escorpiões que deixei escapar.


O que sobreviveu a seu breve desastre,
a seu drama de anos,a seu apocalipse de final de semana?
A cada exagero,a cada execução,você encontra um pedaço fixo.


Te defendia antes de mim,mas não sei mais quando venho.
Corroi o tempo,desperdicei comida,alimentando fantasmas.


Eu sei,todo mundo erra,
as pessoas se enganam e se desviam,
aqui é nublado e confuso,mas não se perca,
de vida curta a indecisão.


Que pensamentos você me reserva?
Se defina!
O que você pretende ser pra mim?
Quem não consegue dar valor ao tempo que você dedica,
é cúmplice da sua tristeza,é quem adestra a sua felicidade
faz dela mansa e obtusa.


Fervendo entre simplórios.
Até onde tem alcance o que te causaram?
Se vasculhe na misantropia e na misericórdia.
Abuse da empatia até não saber desembarcar de volta,até não encaixar no corpo,
sempre se coloque em outro lugar,um que ninguém quer estar.
Redistribua as suas contribuições para a paz e para discórdia,
tenha a compaixão que conseguir,o respeito que conquistar.
Não se calcifique e não embruteça.


Se pedir perdão perdoado está,
mas não é permissão pra ficar por perto,
absolvo,te julgo pela janela,
mas não bata mais a minha porta.


Isso só nos desgasta,
e nem é uma cobrança,não reclamo recompensa,
só que não vêem que você também se cansa.
Não é qualquer tipo de holocausto,voltado as almas,
não é uma divisão,entre bons e maus,
é apenas uma alergia forte,
uma questão de se afastar do que te afeta.


Tudo te desvia e da novo caminho,
depende de você ir para um melhor ou pior,
as pedras eu perdôo,agradeço e as esqueço.


Agora que você viu o câncer que te segue,
sentiu a busca por essa paz mesquinha,que tanto te cega,
pode escolher qual parte quer que cresça.


Você precisa perdoar,
nem tanto pelo que passou,
mas pelo que há de vir.
Em virtude,de você.


É a saída,e um passo a frente para os dois lados,
você vê e se torna outra pessoa.
Mas com todo esse entendimento não vá se distrair,
não vá se trair,não existe destrair.


Mesmo se não existir espaço para guardar raiva e rancor,
você sentir um corpo estranho no seu coração,
mesmo com a insistência da consciência,

que te da alfinetadas de bondade, saiba o que suportar.

Se você arquivar,toda a tristeza prescreve...

domingo, 4 de outubro de 2009

Outubro negro



O som da porta rangendo é a única coisa que você suporta.

Não quer mais escutar nada, não quer mais saber de nada; não existe mais ninguém.

Você espera que as coisas melhorem, mas ainda não tem consciência se é possível que você melhore.

E isto faz toda a diferença.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Intrínseco.

Por mais deserto que seja essa vida,
por menos vida que tenha esse deserto,preserve.


E se tudo só puder te entristecer?
...vale se dar um segundo olhar,e ver uma nova pessoa se redesenhar,
diante da incredulidade de seus próprios olhos.

E se nada acontece,e o que acontece não é nada?
Vale o seu delírio,como vale uma tenra lembrança entrecortada,como vale um sonho.
Você quer sentir,mas não é algo que se possa programar,
então,preserve,por que...
Vale esse sofrimento,vale esse amor aprendido em uma pele emprestada.
Você anda querendo,sumir e pular os dias.
Anda querendo se punir,pela falta de alegria.
Saiba,tem valor esse sorriso,independente da força para perpetuar,ou desvanecer.
Mesmo por meros e miseráveis momentos,tem valor e sempre valerá esse sorriso.

Tem transmitido conhecimentos,mesmo sem vivências.
Vale esse conselho adivinhado e incompreendido,
Vale esse tempo perdido,pensando no que se concordou desistir.

Diz que conhece a identidade secreta,de seu grande amor.
Vale esse romantismo barroco,vale qualquer romantismo,
essa paixão pela pérola imperfeita,essa jóia falsa,que se diz...

Amor,e de que adianta um grande amor,se não acontece.
Vale e adianta muito,pra te levar adiante.
Se me parece inútil,mas por mais inútil que pareça a existência,
por mais resistência que peça o que te parece inútil,preserve.
Vale também brincar de Deus,
vale esse poder de criar outra vida,além,e alheia a presente.

Faça o que for preciso,até se considere precioso.
É bom pra distorcer um coração distorcido,pra manter seus eus.
Vale essa soberba de ter descoberto o segredo,no tempo de um instante
vale destruir a seu capricho,a sua pressa,trocar por algo mais importante,mais "real".

Ainda terá de consertar essa porta aberta que não funciona,entre durmir e acordar.
Que confundi,tudo na vida parece um grande erro.
Vale o esquecimento,vale a vaidade de uma mente fértil,
vale a revolta com a própria sabedoria,como quem faz obras de arte na beira do mar.
Esse sentimento de ter vindo sem ter sido convidado.
Qualquer dia você se cansa da sua reputação e de ser mal visto.
Você se cansa de sua falha,e quer desistir,mas sabe...
Vale a resistência em não se entregar,
mesmo na aflição da amarga dúvida,de que a vida deles é melhor.

Se sabe,como algo a descobrir,algo por fazer.
Vale resistir a pressão de cometer os mesmos erros,
as delicadas atrocidades,o empurrão para passar pelas mesmas etapas,
pelos mesmos estágios,até enfim definhar,sem ter algo maior.
Se sabe,como uma boa pedra perdida,numa terra sem escultores.
Vale essa indiferença,por se saber o que se contém.
A felicidade tem dessas coisas,funciona mesmo sendo imperfeita.
Vale e há de existir uma biografia paralela de nossos delírios.
Vale essa bondade impresenciavel,esse coração intocavel,
vale essa solidariedade imóvel,e essa inominavel solitariedade imprescindível.
E imperfeição é o que te faz feliz,não saberia se localizar.
Não saberia se definir pronto,se ver encerrado.
Vale a espera pra secar,e voltar a chuva.
Melhor estranho que parecido.
Não aguenta se atenuar nessa vultidão.
Vale esse quarto secreto.
Vale esse caminho alternativo por onde ninguém foi,por onde ninguém nunca te viu.
Vale a simplicidade,vale esse pensamento e vale essa intenção.
Talvez,você tenha tudo pra dar certo,só precisa aparecer.
Se o silêncio for tão desprezível assim,eu digo que vale enquanto defeito,
valem as rachaduras e valem os riscos,sim valem os riscos.

Talvez tudo isso não seja algo que se mostra,mas algo que se encontra.
Vale todo o empenho na construção de seu castelo de gelo.
Vale se refletir,vale se revisar e vale se revisitar.
E vale voltar,vale rever,vale voltar e ver o que não se viu.
Vale se interessar até pela feiúra,vale se dar uma segunda chance...

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Medo

Ela olha suas mãos, olha seu próprio reflexo no espelho e confronta com seus pensamentos.
E já não sabe o que fazer com o que é nem com o que se tornará em breve.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Colecionador de Insetos

Sobrou pra você,
sobrou ser a exceção,
um dom desnecessário,uma liberdade inútil,
sobra em você um coração.

Te sobrou sobrar,
sobrou pra você não ter par,
te sobrou encontrar ou desistir,
te sobrou não amar,e se corrigir.

Sobrou pra você brincar nas migalhas,
colecionar insetos,gargalhar detalhes.
Não deixe escapar as faíscas,as suas estrelas.

Sobrou pra você perceber,
te sobrou um infinito suportar,
um cansativo sobreviver,
se antecipar a idade,
te sobrou ver tédio na eternidade.

Se espalhar no esquecido,no vago,
se encolher no vasto,no largo,
um destino desmatado,um futuro decorado,
te sobrou o sol da meia noite.

Se dedicar,
se esquecer-se em sua própria companhia,
se admirar,
sobrou pra você assombrar,
manter a barreira derrubada,
continuar.

Sobrou pra você acertar e ter que rever,
deixar destrancado pra qualquer entrar,
te sobrou ir pelo se arrepender,
sobrou pra você se curvar e agradecer.

Te sobrou violentar a esperança,
sobrou pra você a diferença,
te sobrou insistir na essência.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Thinking about you


As pessoas se cansam das conjecturas, e logo abandonam aquilo que um dia as encantou.

Eu abandonei. Deixei de lado um punhado de coisas caídas aos pés dos meus velhos ícones.

Deixei aquilo que me amarrava àquelas convenções tão bem mascaradas por trás de meus atos.

Isso não me fez uma pessoa mais sábia, nem mais feliz. Mas certamente agora eu consigo te olhar com outros olhos, e perceber que é você que está por trás de cada escolha que eu faço.

domingo, 31 de maio de 2009

À Deriva

Você só tem as de sempre
e essas já enjoou de usar.

Quer as coisas apressadas
não sabe esperar.

Novas alegrias atrasadas,
desconfia que nem vão chegar.

Você tem bons sorrisos guardados
só esperando pra estrear
Bons abraços apertados
que acha muita audácia dar.

Quantos pilares seguram o seu..."sou feliz"?
Me diz,quem é seu chão,seu céu e seu sol?
Quantos olhares fazem o seu..."vou desistir"?

Não me deixe aqui,sempre a catar o resto derretido de seus planos,
eles querem destroços,querem danos!
vão dizer que você perdeu anos,com bobagens,com enganos!

Não misture crença com descaso,não reze no raso,
queira sem piscar,se jogue sem pensar,
é fácil afundar quem esta à deriva.
Nunca lhes conte o quanto sofre,
guarde seus sonhos,em um cofre.

Você não se sustenta,
sem horizonte pra chegar,
assim que um se parte ,
escolha outro pra buscar,
não tenha um único alicerce,
pode murchar o seu sonho preferido
pode secar seu desejo,o mais querido.