segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Intrínseco.

Por mais deserto que seja essa vida,
por menos vida que tenha esse deserto,preserve.


E se tudo só puder te entristecer?
...vale se dar um segundo olhar,e ver uma nova pessoa se redesenhar,
diante da incredulidade de seus próprios olhos.

E se nada acontece,e o que acontece não é nada?
Vale o seu delírio,como vale uma tenra lembrança entrecortada,como vale um sonho.
Você quer sentir,mas não é algo que se possa programar,
então,preserve,por que...
Vale esse sofrimento,vale esse amor aprendido em uma pele emprestada.
Você anda querendo,sumir e pular os dias.
Anda querendo se punir,pela falta de alegria.
Saiba,tem valor esse sorriso,independente da força para perpetuar,ou desvanecer.
Mesmo por meros e miseráveis momentos,tem valor e sempre valerá esse sorriso.

Tem transmitido conhecimentos,mesmo sem vivências.
Vale esse conselho adivinhado e incompreendido,
Vale esse tempo perdido,pensando no que se concordou desistir.

Diz que conhece a identidade secreta,de seu grande amor.
Vale esse romantismo barroco,vale qualquer romantismo,
essa paixão pela pérola imperfeita,essa jóia falsa,que se diz...

Amor,e de que adianta um grande amor,se não acontece.
Vale e adianta muito,pra te levar adiante.
Se me parece inútil,mas por mais inútil que pareça a existência,
por mais resistência que peça o que te parece inútil,preserve.
Vale também brincar de Deus,
vale esse poder de criar outra vida,além,e alheia a presente.

Faça o que for preciso,até se considere precioso.
É bom pra distorcer um coração distorcido,pra manter seus eus.
Vale essa soberba de ter descoberto o segredo,no tempo de um instante
vale destruir a seu capricho,a sua pressa,trocar por algo mais importante,mais "real".

Ainda terá de consertar essa porta aberta que não funciona,entre durmir e acordar.
Que confundi,tudo na vida parece um grande erro.
Vale o esquecimento,vale a vaidade de uma mente fértil,
vale a revolta com a própria sabedoria,como quem faz obras de arte na beira do mar.
Esse sentimento de ter vindo sem ter sido convidado.
Qualquer dia você se cansa da sua reputação e de ser mal visto.
Você se cansa de sua falha,e quer desistir,mas sabe...
Vale a resistência em não se entregar,
mesmo na aflição da amarga dúvida,de que a vida deles é melhor.

Se sabe,como algo a descobrir,algo por fazer.
Vale resistir a pressão de cometer os mesmos erros,
as delicadas atrocidades,o empurrão para passar pelas mesmas etapas,
pelos mesmos estágios,até enfim definhar,sem ter algo maior.
Se sabe,como uma boa pedra perdida,numa terra sem escultores.
Vale essa indiferença,por se saber o que se contém.
A felicidade tem dessas coisas,funciona mesmo sendo imperfeita.
Vale e há de existir uma biografia paralela de nossos delírios.
Vale essa bondade impresenciavel,esse coração intocavel,
vale essa solidariedade imóvel,e essa inominavel solitariedade imprescindível.
E imperfeição é o que te faz feliz,não saberia se localizar.
Não saberia se definir pronto,se ver encerrado.
Vale a espera pra secar,e voltar a chuva.
Melhor estranho que parecido.
Não aguenta se atenuar nessa vultidão.
Vale esse quarto secreto.
Vale esse caminho alternativo por onde ninguém foi,por onde ninguém nunca te viu.
Vale a simplicidade,vale esse pensamento e vale essa intenção.
Talvez,você tenha tudo pra dar certo,só precisa aparecer.
Se o silêncio for tão desprezível assim,eu digo que vale enquanto defeito,
valem as rachaduras e valem os riscos,sim valem os riscos.

Talvez tudo isso não seja algo que se mostra,mas algo que se encontra.
Vale todo o empenho na construção de seu castelo de gelo.
Vale se refletir,vale se revisar e vale se revisitar.
E vale voltar,vale rever,vale voltar e ver o que não se viu.
Vale se interessar até pela feiúra,vale se dar uma segunda chance...